"A Paulina tinha 4 irmãos.
Um deles suicidou-se, chamava-se Quim. Há três ou quatro anos... não era feliz no casamento,a mulher deixou-o. Matou-se com o remédio dos escaravelhos. Devia ser mais velho que ue 8 anos, 8/9 anos.
Eles eram todos diferentes um dos outros. Viviam todos muito bem mas o pai estourou tudo com casino e mulheres.
Todos os irmãos foram para a guerra colonial, o Quim era furreal, um alto cargo na tropa. Ele recebia um salário que vinha para uma conta do pai. Quando ele chegou cá, o dinheiro ja lá não estava, o pai tinha-o roubado. O pai dele não fazia nada, andava sempre dum lado para o outro. O carro dele era daqueles carros antigos, daqueles modelos esquisitos, os faróis pareciam pontiagudos, tipo os americanos, mas não tão grandes.
A mãe da Paulina era muito grande, muito gorda. Engraçado que eles dormiam todos nos mesmos quartos, os rapazes num, dormiam dois a dois, e a meninas num outro quarto, em camas separadas.
A Paulina morreu, começou a beber muito, morreu de cirrose. E a mais velha, a Gusta morreu também. Essa não tinha filhos. A Laura, que trabalhava na pichelaria Mouzinho, ela também bebe muito, anda sempre a esconder as garrafas em casa. Vinho do porto sabes?
A Gusta, ainda me lembra, ela vinha namorar para fora da casa e dizia ao namorado que ia a casa da banho, mas não era nada disso, ela vinha beber vinho. Sempre a conheci bêbeda, ai os irmãos ficavam fulos com ela, sempre na adega. No verão, não havia um dia em que ela não estava bêbeda. O marido da Rosa, uma das irmãs, também morreu. A Cândida sempre foi a de nariz mais empinado delas todas, formou-se em enfermagem em Lisboa, mas nunca se casou. Agora trabalha no Hospital de cá.
-Uma família estranha...
Foi."
Maria do Carmo Freitas.
15.5.07
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