Pensamentos fugidos que deveriam estar presos.
A mulher, com seu porte altivo, desliza pelo passeio da rua, submersa no seu avantajado ego.
Pára e levanta o seu delicado pé. Não sabe bem porquê, simplesmente o faz e ali fica parada, na cadência da iminente queda.
O Equilíbrio agarra-a pelas goelas e sustem-na. E ali está.
Ali.
Imóvel.
Num só pé.
Poderia começar a saltar ao pé coxinho como o macaco do circo numa corda de nylon. Pensa em macacadas e começa a rir-se. As gargalhadas estremecem seus pulmões que incham e incham e quase que explodem. Os seios saltam, prestes a saírem do seu apertado vestido branco. "Liberdade!" gritam eles. A saia revolta-se por entre as suas pernas e o vento certamente não é compassível como o seu desejo por Equilíbrio.
E ela, ali prostrada no meio do ar e do nada, simplesmente perdeu a noção de si própria afogada em tamanha surrealidade.
As goelas, que o Equilíbrio teimava em agarrar, começam a berrar por ajuda e a corda começa a mover-se, esquerda direita, esquerda direita.
Equilíbrio equilíbrio.
O pé esquerdo também berra agora e em seguida o tornozelo. Oh Oh! Berram berram, terrível sinfonia draculiana.
Depois a cortina caiu e ouviu-se um baque no fundo do palco.
23.5.07
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1 comentário:
caso se tivesse ouvido um "traque", com certeza que ela se tinha peidado ahah está mt bom meliante ;)
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