14.2.08

o putozinho inocente da esquina. Vejo-o desde que nasceu, há uns 7 anos, nao sei bem, mas sei que as minhas brancas desde então cresceram exponencialmente. alias, agora, todo o meu cabelo é uma replica do topo da serra da estrela, sinto me imaculada. mas o puto, o puto tem piada. o seu tom de pele é claro, sem manchas da vida e os seus cabelos escuros voam soltos quando ele corre. as vezes, ele passa pela minha porta e entra, com uma certa vergonha e ao mesmo tempo desenvoltura e senta-se no sofá a meu lado. eu costumo ter um pratinho de bolachas na mesinha, enquanto vejo televisao, ele tira sempre três, é um miúdo guloso mas querido no final de contas.
Após alguns minutos a ouvi-lo mastigar as bolachas, ele pergunta "como estás?" e eu sorrio, feliz por alguém ainda querer ouvir as historias desta velha de cabelos brancos. e eu digo "bom, joão, hoje estou com vontade de te contar uma historia" e assim começo a partilhar as minhas memorias com este miúdo vivaço que me come cerca de 36 bolachas mensalmente, 432 ao fim de um ano talvez. Um dia começo a contabilizar quantos kilos de farinha dou eu a este puto traquina cujos ouvidos estão sempre abertos para mim.

5.2.08

era engraçado o modo como ela sorria ao de leve debaixo do sol, como as madeixas cor de cobre brilhavam quando ela penteava o cabelo com os dedos. sentava-se na relva e levantava o queixo, sentindo a luz a passar lhe pelas pálpebras. ela nao passava de uma miuda normal, como um aspecto normal, mas ela brilhavam no meio de todos nós. não nos era superior, nao nos olhavam com desdém mas irradiava algo que nao cheguei a perceber.
quando a ouvia, sentia as ondas da voz dela a passaram por mim e a levaram me tudo o que era mau. lembro-me disso e começo a tremer, sinto o frio de ja nao a ter cá.

21.1.08

15.1.08