21.2.07

Vou participar no concurso de poesia na escola...

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
E um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
Para ver quem é,
Enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
E correr pelos interstícios das pedras, pressuroso e vivo como vermelhas minhocas
Despertas;
Enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
Órfãos de pais e mães,
Andarem acossados pelas ruas
Como matilhas de cães;
Enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto

Com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
Num silêncio de espanto
Rasgado pelo grito da sereia estridente;
Enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
Cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
Amassando na mesma lama de extermínio
Os ossos dos homens e as traves das suas casas;
Enquanto tudo isso acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
Enquanto for precido lutar até ao desespero da agonia,
O poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

Abaixo o mistério da poesia!


13.2.07

20 Palavras perdidas no meu livro de filosofia:


Vidros embaciados, marcados com mãos desconhecidas.
Textura etérea para sempre manchada pela humanidade.

O toque. Sentes o calor? Sentes-me?

12.2.07

Ida Gratuita ao Oftalmologista


Já algum dia, vocês se deram ao trabalho de ir na rua e simplesmente observar?

Imaginem-se invisíveis, apenas os vossos olhos persistem, os vossos olhos e o vosso olhar, porque também ele é fulcral. E agora olhem para as pessoas, para as mãos delas, para as suas rugas e cabelos brancos, vejam pessoas e não robôs. Olhem-nas nos olhos e façam senti-las que elas realmente existem, que alguém lhes dá atenção. Muitas delas irão fugir, irão encarar-vos como se fossem um inimigo… Eu não sei bem porquê, decerto sentem-se intimidadas, como se apenas lhes quiséssemos ver os defeitos e não a virtudes. Acho que é por que essas pessoas perderam a fé nos outros e em si próprias. Elas tem de começar a olhar-se ao espelho e sentirem-se. Aceitarem-se em paz.

Depois há outras pessoas que te olham de volta, com um ar inquisidor e cruel, como se fossem cães que guardam o seu território. Olham-te nos olhos e perscrutam-te a roupa, tiram-te as medidas e comparam-te a si próprios. Quando isso acontece tu levantas ainda mais a cabeça e olhas ainda mais e ganhas. E aí o teu ego também ganha. Sentes-te forte!

Mas melhor que olhar é ouvir. Apanhas conversas tão engraçadas. Um dia ouvi um senhor loiro dizer “e ela estava com um sorriso estampado na cara que me deu a volta à cabeça mesmo, ‘tás a ver?”. Quando tu ouves alguém dizer isto dá-te para sorrir porque consegues imaginar a rapariga a sorrir para o tal rapaz loiro. E consegues ouvir o coração do rapaz bater mais depressa e toda uma imensidão de borboletinhas a dançarem no estômago dele, o amor que nem uma doce tortura…

Percebes o que ganhas ao dispensar um pouquinho da tua atenção para as outras pessoas? O mundo é tão bonito, porque raio teimamos nós em não ver isso?

10.2.07

AVISO! Antes de ler:

Se tens uma vida a sério, aconselho-te a não gastares o teu tempo a ler o seguinte texto. Demasiado mau para isso. Obrigada.


Sabes o que é hilariante? a dualidade d atitudes das pessoas perante a vida, perante a sociedade. Estava agora a pensar nas pessoas, no modo como elas se escondem atrás da sua própria exposição exterior ou como elas s escondem exteriormente atrás da exposição do seu interior. Atitudes tão opostas, tão desnecessárias porque supostamente deveríamos ser todos livres deste julgamento inútil e cruel que nos calca sem razão. Mas quem julga? Os mesmo que se escondem, uns atacam os outros, uma espécie de antropofagia desmesurada. Mais uma vez, tudo isto desnecessário... Ou não, na verdade, este canibalismo social serve e muito a todo aqueles egos secos se apenas se satisfazem em sofrimento alheio.

FODA-SE!

Não não, sabem o que eu odeio? É quando tu pensas e tentas escrever e nada te fluí pelos dedos. Quando todo e infeliz neurónio congela, quando as portas da imaginação se fecham, como se a tua mente fosse mandada para a solitária. Má imagem, eu sei, mas é o que acontece. Mete-me medo, receio profundamente o momento em que tudo isto seca para sempre, que nem uma patologia crónica para a qual a medicina ainda não encontrou cura. Possivelmente o modo de evitar a velhice e a tristeza mental é através disto, tentar manter tudo fértil para a alegria porque, se tu reparares, se possuíres o teu próprio mundinho, as pessoas não consegue realmente atacar, tornas-te imune ao dito canibalismo. O vegetarianismo toma o seu lugar...

E porra, hoje não da. Hoje e ontem e todos os dias precedentes.

Foda-se para a escrita!