30.9.07

Quero beber do teu copo de vidro.

D e v i a m o s p o d e r t r a s f o r m a r s a n g u e e m v i n h o .

Reciclagem de pensamentos:

Somos todos seres ambíguos.

"Hoje em dia já ninguém morre por amor.", diz a minha professora.

E eu respondo, "Pois não, agora morre-se por falta dele."

Já faltou mais...





Mas o tempo é uma ilusão.

Rub it 'til it bleeds

eram três da manhã quando abri a janela e vi o sol. soube que devia estar muito drogada para ver tal coisa mas isso pouco me importou.
fechei a janela e voltei a abri-la. fechei-a de novo e ABRI! e sol continuava lá, uma enorme mancha amarela no azul da noite. sorri como nunca e corri pela casa.
ouvi vozes a sussurrarem-me no ouvido, todas diziam "dança dança...". fiz o que me disseram e dancei. rodopiei como um pião e acabei por cair no chão, mesmo por debaixo do parapeito da janela. fechei os olhos e inspirei, senti todo o meu corpo a inchar, inchar e mesmo perto da explosão, abri os olhos! Saltei e atirei-me contra a cama, contra a cadeira, contra as paredes! sangrei do joelho e pingas de sangue pintaram o chão. pus o dedo numa delas e desenhei uma cara, tentei que fosse minha mas não consegui. ao invés, desenhei a cara do sol. sorri para ele e ele para mim. de repente vi fadas, pegaram-me nos cabelos e começaram a fazer-lhe tranças. depois pensei "e se eu lhes desse o meu cabelo? já não me faz falta... mas isso daria muito trabalho. e se eu cortar a cabeça???"

depois não sei o que fiz mas sei que agora já não tenho cabeça.

Vigésimo post, no trigésimo dia de Setembro.

29.9.07

"You could be my black Kate Moss tonight" Kanye West

LOL

Finalmente a chuva chegou! :)

28.9.07

De volta à verdade


lá está ela abandonada na minha cama, de ventre para cima, tão receptiva ao meu amor. Deixei a cama depois de ela ter adormecido. não quero que me sinta enquanto dorme, tenho de fugir-lhe ao coração. Peguei na câmara e vi-lhe as mãos através das lentes embaciadas, fotografei-as e guardei-as em negativo, no meu olho. é tudo o que quero guardar dela. dela e de todos os outros.

Na parede ainda estão as marcas das suas palmas quando a atirei com violência contra a parede, os cabelos dela pairaram no ar e o crânio dela embateu no cimento. Ela sabe que o fiz com amor, so quero a minha dor com ela, a dor de nunca a conseguir amar em pleno.

"quero comer-te as mãos!" é tudo o que lhe digo quando fazemos sexo. e ela, num gesto de pura misericórdia, cai inerte na cama com as mãos despidas pousadas nos lençóis prontas para eu as morder.

E aí eu rejubilo, até cair congelado na cama, acabado.

sou o maldito vírus que irá acabar contigo, nem que para isso tenho de te algemar.

27.9.07

Nunca as despedidas demoraram tanto.

26.9.07

o choque das 5 letras.

(e do hifen)

25.9.07

hoje fiz a cama duas vezes.

detestei ter de fazê-la à tarde quando saíste de cima dos meus lençóis, quando tive de fechar tudo, deixar tudo intocável como se nada tivesse acontecido ali. detestei voltar à normalidade.

e amanhã voltarei a fazer a cama. duas vezes

22.9.07

hoje a minha mãe perguntou-me porque rapei o cabelo. disse-lhe que era um projecto mutuo entre mim e Ele. nao Ele o Deus, mas o meu Ele. não lhe darei nome porque isso seria amarra-lo a pequenas silabas que nada me dizem. para mim, ele é simplesmente Ele, penso n'Ele e vejo-lhe todo o corpo, todas as moléculas que o constituem.
a minha mae perguntou me porque rapei o cabelo e menti-lhe. menti-lhe a ela e a mim própria. tentei imaginar que aquilo era um projecto mutuo, à medida que a minha feminilidade diminuia, a d'Ele aumentava, ao mesmo ritmo que os seus cabelos cresciam. eu tornava-me n'Ele e Ele em mim. seriamos o nosso proprio fim, um suicidio assistido, um homicidio planeado.
mas menti-lhe a ela e a mim própria. sabia que no fundo tentava destruir-me, tornar-me num minimo, reduzir me ao indispensavel. queria que me vissem tal como era, só com uma leve camada de roupa que facilmente poderia ser tirada. queria que me vissem mas ninguem viu para alem da mentira.

na sala de reuniões vazia...
estou eu com a garrafa do álcool. a garrafa do álcool que sempre me conforta depois do trabalho. não percebo porque me incitaram a estudar e arranjar emprego para depois me afogar nesta merda de garrafa. sinto o cabelo oleoso por entre os dedos, não consigo parar de lhe mexer imaginado as mãos de um amante entrelaçadas em mim. bebo mais uma vez, já perdi a conta do número de vezes que bebi hoje. ou era na casa de banho, ou às escondidas na pausa para o tabaco. todos me conhecem embriagada mas não o sabem, vêem a verdade mas nunca a reconhecem. eu gostava de ser como alguns que vivem tão embriagados quanto eu mas pela vida e não pelo álcool. Quero amaldiçoar os homens por terem produzido a porcaria das bebidas brancas que se tornaram no meu vício mais impuro.

sei que vou chegar a casa sozinha e lá dormirei sozinha. durmo sem roupa interior na leve esperança que um dia alguém entre em casa sorrateiramente e me agarre. enquanto adormeço, mexo ligeiramente os ombros para sentir o lençol a roçar na minha pele. sei que é estúpido e infantil mas não serei eu tudo isso?

e mais uma vez bebo e sinto-me a arder por dentro.

19.9.07

Fenómenos do Acaso


Hoje ia na rua quando a chiclet caiu ao chão. do nada apareceram quatro velhas que me espancaram com as suas malas. dentro delas havia pedras e fui espancado violentamente em todo o corpo. doeu muito e chorei que nem um bébé, não senti o meu ego diminuir mas sim o meu nariz, que se assemelhava a uma mancha de ketchp.. perguntei-me se alguém iria lá molhar batatas ou afundar um fio de esparguete.
poderia ser que a esparguete, que por acaso se chamava márcia, iria penetrar-me o cérebro e socializar com os meus neurónios. comunicariam com impulsos electricos por isso a Márcia deveria ser descente de enguias.
Segundos depois senti uma enorme dor de cabeça e agarrei-a, não a dor mas a cabeça e abri o olho esquerdo. as velhas tinham-se ido embora e o meu nariz estava intacto. Peguei na chiclet, levantei-me e fui ao starbucks.

18.9.07

1 ano de vida! 1 ano de vida! 1 ano de vida!
Não é emocionante?
Parabéns a mim! Parabéns à Matilde!


Parabéns ao blog!

.Versão 1962:



.Versão 1997:



Quero que me dês uvas sem caroço enquanto me banho em leite.
Quero que me lambas os pés enquanto vejo o Dr. Phill.
Quero que me leves à lua enquanto faço ovos mexidos.


Quero que sejas o MEU ESCRAVO!

fazes-me panquecas?

por favor.

16.9.07

"O Doutor Jivago"

Eu tenho pena da Lara. Está com um esgotamento.

15.9.07

O poema pouco original do medo


O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis

Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo

(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

*

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos




1960, Alexandre O’Neill
Poesias Completas

14.9.07

Guerra

“Eu fui amaldiçoada.”, Acho que esta é uma das frases que mais ouvi a minha mãe dizer e tudo porque o meu pai morreu sem me conhecer.
Morreu novo, na guerra, e a minha mãe viu tudo, era repórter na altura. Achava que tinha uma missão, que devia passar por momentos cruéis, ver sangue e morte para depois mostrar ao mundo os podres da guerra e de quem a faz. Claro que depois apareceu o meu pai e a minha mãe começou a ver a vida de outra maneira.
Ela dizia que ele era um homem muito bonito e que eu tinha mais traços dele do que dela. As sardas e os cabelos pretos nunca foram uma combinação muito vulgar.
Acho que ele era um homem muito bom e um dos melhores soldados, mesmo tendo sido forçado a entrar naquela guerra. Ele estava contra ela e por isso não devia ter morrido a combater.
A vida abandonou o meu pai mais cedo do que o que era suposto e eu e a minha mãe estávamos destinadas a ficar sozinhas, porque ela não estava disposta a amar outra vez.
Acredito que se fosse ao contrário, se tivesse sido a minha mãe a morrer, o meu pai ia sentir o mesmo. Eles eram o mesmo ser, completavam-se e nunca pensaram, se quer, em separar-se.
Uma vez a minha mãe disse-me que é muito difícil sentir-se amor, carinho, amizade e paixão pela mesma pessoa, e eles conheceram-se num momento tão complicado, passaram tanto tempo juntos, que acabaram por sentir tudo isso um pelo outro.
Foi a minha mãe que encontrou o meu pai morto e isso foi o pior que podia ter acontecido. Nunca mais tirou a imagem do corpo dele, desfeito, da sua cabeça.
Desde aí, a ideia de que também ela devia ter morrido não a abandonou mais, assim como as doenças que começaram a afecta-la tanto psicológica como fisicamente, doenças essas que acabaram por tirá-la de mim.
Ela tinha um baú onde guardava todos os retratos que tirou do meu pai e todas as imagens de medo e ódio que captou com a sua Zeiss Ikon que tanto adorava. Hoje esse baú é meu, é parte do que eu sou e também como a minha mãe eu abro-a todos os dias e penso o quão irónica e imprevisível a vida é.
Para ser sincera, agora eu é que me sinto amaldiçoada. Nem duas décadas de vida tenho e já sou orfã de pai e mãe. Ela deixou-me, finalmente conseguiu o que queria, vai ter com ele, e não sei se hei de ficar feliz por isso, por o sofrimento dela ter acabado, ou se me hei de sentir a pessoa mais atraiçoada do mundo por ter tido uma mãe que nunca soube amar sozinha. Deixou-me, sem piedade, porque viveu todos estes anos submersa no passado, esquecendo-se que metade de mim é ele e que eu podia ter sido o motivo para continuar viva.
A minha mãe viveu de amor e egoísmo, viveu das sombras da guerra. Não era perfeita e acabou por morrer nas mãos do que a manteve viva.


" Se eu nunca disser "Olá!", também nunca vou ter de dizer "Adeus!". "

6.9.07

atirei o gato ao pau.

sem pudor, sua barriga foi esventrada e o gato… o gato. O gato miou. Ouvem o gato? O pobre gato preto manchado de sangue, o pobre gato preto. Poderiam as superstições salvá-lo… mas não, o gato morre em sangue. As suas garras rasgam o céu com o atrevimento de um tolo. O seu miar insulta o de lá de cima com a loucura de um doido. E o gato… o gato Morre!


O pau, esse felizardo, continuou com a sua frondosa vida de inerte morto

1.9.07

Aceito dedos com indulgência,
vagidos dentro de mim sobem à terra.
Aqui não há céu, pelo menos para já;
Neste húmido quarto de betão, deus não me corrompeu.


A maça apresenta-se à minha frente, despida de casca, prestes a ser comida.
Sou Adão profano, Senhor de deus
Sou herege amante, servente de Eros.
Neste húmido quarto de betão, deus não a corrompeu.

O mijo escorre pelas paredes
Dissolvendo tudo em amarelo.