25.11.06

Unhas vermelhas tamborilando na mesa. Café esfriado numa chávena pouco lavada. Colher com manchas do detergente.

As empregadas deambulam por entre as mesas chegadas entre si. O chefe gosta de ter muita gente na casa. Ele diz que a sua mulher, Dona Caixa Registadora, fica contente com o facto.

A senhora continua a sua vã odisseia em busca do ritmo perfeito. A impaciência fluí-lhe por entre os dedos. “A mesa que sofra” pensa ela… Os lábios vermelhos, há já muito desprovidos de vivacidade, murmuram uma pequena lengalenga de criança, esperando um pouco de conforto. Finalmente suas preces são ouvidas, sua impaciência torna-se inútil. Um homem de porte elegante, envolvido numa gabardina e de chapéu no topo da nuca, entra naquele café de esquina. A senhora cruza a perna esquerda pega no seu maço de cigarros Gauloises. O homem de cabelo grisalho caminha na sua direcção; o seu pé começa a balançar, acende o isqueiro, expele o fumo por entre os seus lábios encarnados. A mulher sorri, o homem é complacente e senta-se. Ela pousa o cigarro no cinzeiro prateado, põe a sua mão sorrateiramente sobre a dele. As suas unhas vermelhas sobressaem sobre a pele dele. Uma onda de calor percorre as longas pernas da mulher, o pé pára. Está segura.

Ambos pedem um whisky, o empregado logo os servem. Desde então estão cercados por uma bolha, num mundo à parte do chefe e da sua Dona Máquina Registadora, envolvidos pelo calor do álcool num serão de Inverno. Segregam olhares, não trocam palavras. Essas não são necessárias por agora. O fumo do cigarro e o álcool bastam.

De repente, que nem um Ícaro caído do céu, prostrado na sua mesa, um pequeno papel aterra ao lado do seu cigarro. “Estranho” pensa ela. Ele sorri, escondendo segredos por detrás do sorriso enigmático.

O pé da senhora volta à actividade, ela não gosta de mudanças. Nunca gostou. Dá mais uma baforada no cigarro mas depressa esta se desvanece com um abanar da mão. Ele não tinha gostado do cheiro do tabaco naquele primeiro dia. Ela não consegue evitá-lo, aquele fumo assassino é, muitas vezes, o seu abrigo.

Desdobra o papel com urgência; este continha um número, 333. Quarto 333. Sorrisos cúmplices são traçados nos lábios de ambos…

Na manhã seguinte, ela acorda. Sozinha mas extremamente bem acompanhada, um cheque branco e imaculado repousa na almofada do seu lado.

Será um novo dia.



Escrito por Maldita e Sophie por um processo de entre-ajuda para criação escrita virtual.

4 comentários:

LadyNikolai disse...

Perfeito, magnifico, deslumbrante.


<3


Sophie...

Anónimo disse...

Lindo de criar bicho!!!
Mais saboroso que batatas com merda!!!

Matilde disse...

Batatas c merda?!

-.-"

Anónimo disse...

gosto das vossas palavras porcas.obscenas.taradas.e.futeis!


ai calores... ai alcool... ai ai!


seus demonios hereges camufladados de meninas.croquete.aparentemente.santas!


que posso mais dizer?
AMEI!


parabones.parabones.parabones!