28.9.07

De volta à verdade


lá está ela abandonada na minha cama, de ventre para cima, tão receptiva ao meu amor. Deixei a cama depois de ela ter adormecido. não quero que me sinta enquanto dorme, tenho de fugir-lhe ao coração. Peguei na câmara e vi-lhe as mãos através das lentes embaciadas, fotografei-as e guardei-as em negativo, no meu olho. é tudo o que quero guardar dela. dela e de todos os outros.

Na parede ainda estão as marcas das suas palmas quando a atirei com violência contra a parede, os cabelos dela pairaram no ar e o crânio dela embateu no cimento. Ela sabe que o fiz com amor, so quero a minha dor com ela, a dor de nunca a conseguir amar em pleno.

"quero comer-te as mãos!" é tudo o que lhe digo quando fazemos sexo. e ela, num gesto de pura misericórdia, cai inerte na cama com as mãos despidas pousadas nos lençóis prontas para eu as morder.

E aí eu rejubilo, até cair congelado na cama, acabado.

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